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Sei de tudo
Sei de tudo o que existe pelo mundo.
A forma, o modo, o espírito e os destinos.
Sei da vida das almas e aprofundo
O mistério dos seres pequeninos.
Sei da ciência do Espaço, sei o fundo
Da terra e os grandes mundos submarinos,
Sei o Sol, sei o Som e o elo profundo
Que há entre os passos humanos e os divinos.
Sei de todas as cousas, a teoria
Do Universo e as longínquas perspectivas
Que emergem da expressão das cousas vivas.
Sei de tudo e – oh! tristíssima ironia! -
Pelo caminho eterno por que vou,
Eu, que sei tudo, só não sei quem sou…
Raul de Leone
Sei de tudo
Sei de tudo o que existe pelo mundo.
A forma, o modo, o espírito e os destinos.
Sei da vida das almas e aprofundo
O mistério dos seres pequeninos.
Sei da ciência do Espaço, sei o fundo
Da terra e os grandes mundos submarinos,
Sei o Sol, sei o Som e o elo profundo
Que há entre os passos humanos e os divinos.
Sei de todas as cousas, a teoria
Do Universo e as longínquas perspectivas
Que emergem da expressão das cousas vivas.
Sei de tudo e – oh! tristíssima ironia! -
Pelo caminho eterno por que vou,
Eu, que sei tudo, só não sei quem sou…
Raul de Leone
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Similia Similibus
Nova seita proclamaram
De Esculápio os descendentes;
Dão vivas os boticários,
Estremecem os doentes.
Mas que achado! Os velhos médicos
Vêem o passado com mágoa;
Estes, de novo sistema,
Aquecem água com água.
O fogo apagam com fogo,
Dão vista aos cegos, cegando,
E até pra coroar a obra,
Curam da morte... matando.
Júlio Dinis
Similia Similibus
Nova seita proclamaram
De Esculápio os descendentes;
Dão vivas os boticários,
Estremecem os doentes.
Mas que achado! Os velhos médicos
Vêem o passado com mágoa;
Estes, de novo sistema,
Aquecem água com água.
O fogo apagam com fogo,
Dão vista aos cegos, cegando,
E até pra coroar a obra,
Curam da morte... matando.
Júlio Dinis
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Berço
Recordo: um largo verde e uma igrejinha,
um sino, um rio, um pontilhão e um carro
de três juntas bovinas, que ia e vinha,
rinchando alegre, carregando barro;
havia a escola que era azul e tinha
um mestre mau, de assustador pigarro...
(Meu Deus! que é isto? Que emoção a minha,
quando estas cousas tão singelas narro?)
Seu Alexandre, um bom velhinho rico,
que hospedara a Princesa; o tico-tico,
que me acordava de manhã, e a serra...
com seu nome de amor Boa Esperança,
eis tudo quanto guardo na lembrança
da minha pobre e pequenina terra!
Bernardino Lopes
Berço
Recordo: um largo verde e uma igrejinha,
um sino, um rio, um pontilhão e um carro
de três juntas bovinas, que ia e vinha,
rinchando alegre, carregando barro;
havia a escola que era azul e tinha
um mestre mau, de assustador pigarro...
(Meu Deus! que é isto? Que emoção a minha,
quando estas cousas tão singelas narro?)
Seu Alexandre, um bom velhinho rico,
que hospedara a Princesa; o tico-tico,
que me acordava de manhã, e a serra...
com seu nome de amor Boa Esperança,
eis tudo quanto guardo na lembrança
da minha pobre e pequenina terra!
Bernardino Lopes
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Esparsa
Há no meu peito uma porta
A bater continuamente;
Dentro a esperaça jaz morta
E o coração jaz doente.
Em toda parte onde eu ando,
ouço este ruído infindo:
São as tristezas entrando
E as alegrias saindo.
José Albano
Esparsa
Há no meu peito uma porta
A bater continuamente;
Dentro a esperaça jaz morta
E o coração jaz doente.
Em toda parte onde eu ando,
ouço este ruído infindo:
São as tristezas entrando
E as alegrias saindo.
José Albano
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História de um Átomo (Eternidade da matéria)
Fui átomo de rocha, fui granito,
Fui lava de vulcão, fui flor mimosa,
Sutil perfume, nuvem borrascosa
Manchando a transparência do infinito.
Vaguei no espaço... errante aerolito
Transpus mundos de essência vaporosa.
De santos fui artéria vigorosa,
O coração formei a ser maldito.
Nasci com a Terra; gaz eu fui com ela,
Estive de Princípio na procela,
Fui nebulosa, sol, planeta agora.
Há cem mil séculos vivo m’encarnando,
Águia n’altura, verme rastejando,
Pólen voando pelo espaço a fora.
Rodolfo Teófilo
História de um Átomo (Eternidade da matéria)
Fui átomo de rocha, fui granito,
Fui lava de vulcão, fui flor mimosa,
Sutil perfume, nuvem borrascosa
Manchando a transparência do infinito.
Vaguei no espaço... errante aerolito
Transpus mundos de essência vaporosa.
De santos fui artéria vigorosa,
O coração formei a ser maldito.
Nasci com a Terra; gaz eu fui com ela,
Estive de Princípio na procela,
Fui nebulosa, sol, planeta agora.
Há cem mil séculos vivo m’encarnando,
Águia n’altura, verme rastejando,
Pólen voando pelo espaço a fora.
Rodolfo Teófilo
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Nas onda de uns cabelos...
Soltas, ombros abaixo, os revoltos cabelos,
Que te envolvem num longo e veludoso abraço;
E, como um rio negro, os seus negros novelos
Rolam no vale em flor do teu brando regaço.
E, na louca embriaguez dos meus sentidos, pelos
Cinco oceanos do Sonho o meu roteiro faço,
A senti-los na mão, beijá-los e mordê-los,
Até morrer de amor, sucumbir de cansaço!
E, pousando a cabeça em teu seio, que estua,
Sinto um sono ligeiro, um sussurro de brisa,
Que me suspende ao céu e pelo céu flutua...
E, num sonho feliz, como num mar profundo,
A minha alma desliza, a minha alma desliza,
Como as Naus de Colombo, a procura de um Mundo
Batista Cepelos
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Nas onda de uns cabelos...
Soltas, ombros abaixo, os revoltos cabelos,
Que te envolvem num longo e veludoso abraço;
E, como um rio negro, os seus negros novelos
Rolam no vale em flor do teu brando regaço.
E, na louca embriaguez dos meus sentidos, pelos
Cinco oceanos do Sonho o meu roteiro faço,
A senti-los na mão, beijá-los e mordê-los,
Até morrer de amor, sucumbir de cansaço!
E, pousando a cabeça em teu seio, que estua,
Sinto um sono ligeiro, um sussurro de brisa,
Que me suspende ao céu e pelo céu flutua...
E, num sonho feliz, como num mar profundo,
A minha alma desliza, a minha alma desliza,
Como as Naus de Colombo, a procura de um Mundo
Batista Cepelos
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